Em tempos de pandemia, considero de extrema importância falarmos sobre Ansiedade. Muito antes do momento atual, os consultórios já estavam lotados de Pacientes que não sabiam ao certo o que tinham, mas não conseguiam lidar com suas emoções ou sintomas físicos sem motivos aparentes.
Assim como a depressão, a ansiedade é mais uma das doenças psicológicas que encontra-se em evidência. Está associada a um estilo de vida cada vez mais acelerado. E é muito mais comum do que imaginamos, atingindo aproximadamente 30% da população, segundo a OMS.
A verdade é que a sociedade atual demanda um imediatismo desenfreado e coloca o indivíduo multitarefa como ideal a ser seguido. Vivemos muito mais no futuro, sobrando pouco tempo para de fato, viver e desfrutar do presente.
Ansiedade e Pânico – Quando a ansiedade ganha força
Como já dito anteriormente, certo nível de ansiedade é considerado saudável e contribui para que aumentemos nossos esforços e desempenho. Trata-se de uma reação originalmente instintiva, cuja função é nos alertar e preparar para responder a algo novo e desconhecido.
Contudo, o problema maior ocorre quando a ansiedade se intensifica a ponto de não ser administrável, gerando sofrimento e prejuízos em nosso bem estar. Em alguns casos, essa ansiedade se torna acentuada causando sintomas físicos desagradáveis como descritos no post anterior: falta de ar, palpitações, enjoos e tonturas, etc.
A síndrome do pânico é justamente a potencialização de todos estes sintomas “ansiosos”. Nosso corpo reage como se estivéssemos vivenciando intenso perigo, emite um alerta, e a crise surge geralmente com início súbito e acompanhados de uma sensação de catástrofe iminente. A frequência e duração das crises varia de pessoa para pessoa.
Enquanto nas Fobias a pessoa teme uma situação ou objeto fora dela (altura, barata, etc), na Síndrome do Pânico o perigo vem de dentro. Há uma sensação de descontrole do corpo e uma interpretação catastrófica das reações corporais como sendo perigosas.
Há quatro tipos principais de pensamentos catastróficos que costumam aparecer nas crises de pânico:
- Medo de perder o controle
- Medo de desmaiar
- Medo de morrer
- Medo de estar enlouquecendo
De acordo com pesquisas, a síndrome do pânico e suas crises de ansiedade são mais comuns em mulheres do que em homens. Além disso, é mais frequente que aconteça na idade adulta. A pessoa em crise sofre com períodos extremos de ansiedade, acompanhados de pelo menos quatro dos seguintes sintomas:
- Palpitação ou Taquicardia
- Sudorese
- Tremores
- Sensação de falta de ar
- Sensação de asfixia
- Dor ou desconforto torácico
- Náusea ou desconforto abdominal
- Sensação de desmaio/tontura/instabilidade
- Calafrios ou ondas de calor
- Dormências ou formigamento
- Desrealização (sentimento de irrealidade) e/ou despersonalização (sentir-se fora de si)
- Perda do foco visual;
- Boca seca;
- Pensamentos catastróficos;
A diferença entre ansiedade e síndrome do pânico está na intensidade dos sintomas e na imprevisibilidade de sua ocorrência. Enquanto a ansiedade tem causas motivadas por algo, como um desafio a ser enfrentado ou uma situação delicada que está para ocorrer, a crise de pânico não tem hora nem motivo para começar.
Síndrome de pânico: causas
Ainda não se sabe a causa exata, mas há fatores que podem influenciar: Genética, o tipo de temperamento da pessoa, o estresse do dia a dia e as mudanças cerebrais que acontecem, como uma reação, a episódios específicos:
- Episódios com estresse extremo;
- Transições de vida ou de carreira de forma abrupta;
- Morte ou doença de um ente querido;
- Estresse pós-traumático;
- Histórico de violência e abuso na infância;
- Preocupações excessivas;
- Necessidade de estar no controle da situação;
- Expectativas altas;
- Dificuldade em aceitar mudanças de opinião;
- Repressão de sentimentos negativos;
- Negação de que haja algo de errado;
- Ocupação constante;
- Grandes responsabilidades e alto grau de exigência pessoal;
- Perfeccionismo e má aceitação de erros.
Com a repetição das crises surge uma expectativa ansiosa de ter novas crises de pânico, um fenômeno denominado ansiedade antecipatória. É comum a pessoa começar um processo de evitação, restringindo sua vida para tentar evitar que “aquilo volte”. Ela começa evitando certos lugares ou fazer determinadas tarefas, numa tentativa de evitar uma crise, o que vai limitando sua vida pessoal e profissional.
Muitas pessoas com pânico também apresentam sintomas de Agorafobia. A agorafobia é um estado de ansiedade relacionado a estar em locais ou situações onde escapar ou obter ajuda possa ser considerado difícil, caso a pessoa tenha um ataque de pânico. É comum ocorrer em ambientes cheios de gente, em lugares pouco familiares e quando a pessoa se afasta de casa. Pode incluir situações como estar sozinho, estar preso no trânsito, dentro do metrô, num shopping, etc.
As pessoas que desenvolvem agorafobia geralmente se sentem mais seguras com a presença de alguém de sua confiança e acabam elegendo alguém como companhia preferencial. Este acompanhante funciona como um “regulador externo” da ansiedade, ajudando a pessoa a se sentir menos vulnerável a uma crise.
Como a psicoterapia pode ajudar?
Em um processo de psicoterapia, é possível auxiliar o indivíduo a encontrar um sentido para aquilo que foge do seu controle. Identificar os gatilhos de suas crises, além de refletir sobre estratégias de enfrentamento. Os sintomas das crises podem ser parecidos, mas a motivação de cada pessoa é diferente, e somente revisitando a própria história o paciente poderá compreender como chegou até ali, e quais são as saídas possíveis.
Em casos cujas crises são muito frequentes e intensas, é importante a intervenção medicamentosa, aliada à psicoterapia. Atividade física e a busca por momentos de pausa (como destinar um tempo a não fazer nada e simplesmente estar consigo mesmo, pensar sobre suas escolhas, inserir práticas de meditação/oração em sua rotina) costumam ser bons aliados, além das técnicas de relaxamento, acupuntura, dentre outras atividades que ajudam a aliviar a tensão.
Infelizmente a maioria das pessoas só buscam ajuda quando as crises já se tornaram incapacitantes.
Contudo, prevenir é sempre a melhor opção. A busca por ajuda deve ter como critério um incômodo que parece difícil de manejar por conta própria, independentemente da sua intensidade.
Se você tem se sentido incomodado com alguns sinais de ansiedade e/ou pânico, não espere o quadro agravar, busque ajuda profissional.
- Psicóloga e Coach, Palestrante e Especialista em Saúde Mental e Qualidade de Vida.
- psicologatatianegimenez@gmail.com
- (11) 98797-6916
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